TURMA DO PETRÓLEO

TURMA DO PETRÓLEO

domingo, 10 de março de 2013


Maquiagem, asfalto, aspirina e tudo o mais que contém petróleo

Usamos mais produtos à base de petróleo do que sonha a nossa vã filosofia
Colaboradora: Rachel Ann Hauser Davi 
O petróleo, além do seu uso mais conhecido como combustível,  também está presente em diversos produtos do dia a dia. Alguns exemplos muito citados são os cosméticos, onde a maioria tem, em sua composição, subprodutos do petróleo usados na fabricação de componentes como o glicol, corantes e o propileno, principal responsável pela fixação dos pigmentos das maquiagens. Temos também o asfalto que recobre as ruas do mundo inteiro, que, na verdade, é um concreto asfáltico – uma mistura especial de minerais mantida unida pelo asfalto propriamente dito, um derivado semi-sólido do petróleo. A produção de plástico também é de extrema importância, assim como os corantes, flavorizantes e conservantes de alimentos.

Essa inserção de produtos derivados do petróleo certamente facilitou muito a produção de diferentes produtos comercializados hoje em dia. Porém, quando o petróleo acabar – o que com certeza acontecerá visto que este é um recurso finito – a sociedade se encontrará em uma situação extremamente problemática. Diversos produtos que hoje nem pensamos duas vezes em como são obtidos terão sua produção reduzida, ou até mesmo finalizada, pois em muitos casos as opções existentes para substituir os derivados de petróleo ainda não são ideais.

Algumas opções mais sustentáveis foram colocadas em prática antes do advento dos derivados de petróleo. Por exemplo, por anos a indústria de cosméticos utilizou produtos naturais na produção de seus produtos de beleza, por que não voltar a isso? Com relação à produção de plásticos, já existem diversos tipos de produtos novos no mercado, denominados biopolímeros, produzidos a partir de matérias-primas renováveis como cana-de-açúcar, milho, óleo de girassol, soja e mamona; além, é claro, do fato de podermos voltar a utilizar mais amplamente o vidro, facilmente reciclável. Uma alternativa ao combustível fóssil, por exemplo, é a energia produzida pelo processamento de algas, que podem fornecer sete mil vezes mais energia por quilometro quadrado que qualquer outro biocombustível, sendo altamente renovável. Nesse sentido, não podemos esquecer os outros tipos de fonte energética atuais, como a eólica, solar e elétrica.
Em muitos produtos, pode-se substituir óleos de origem mineral por materiais de origem vegetal. Porém, é claro, que alguns produtos ainda não chegaram a esse ponto. Temos as pomadas como exemplo, em que as alternativas naturais testadas (manteigas de cacau e de karité) não são tão eficientes – ficam rançosas, impedindo a passagem de umidade para a pele e não conduzindo adequadamente os ingredientes ativos. O petróleo também é a base de alguns dos remédios mais consumidos no mundo, como antibióticos, sedativos, certos xaropes e analgésicos (aspirina, por exemplo, fabricada a partir do hidrocarboneto benzeno, normalmente derivado de produtos petrolíferos), que ainda não tiveram substitutos produzidos.
Isto apenas ilustra e reforça ainda mais a necessidade de mais estudos para podermos nos livrar da dependência do petróleo. Devemos repensar, reutilizar e reconstruir aquilo que possuímos, para criar um mundo mais verde, e devemos começar agora, antes que nos vejamos em uma situação difícil e, por incrível que pareça, em um mundo onde todo o nosso progresso será simplesmente estagnado devido à dependência do petróleo.
A autora
Rachel Ann Hauser Davis é bióloga, Doutora em Química Analítica pela PUC-Rio e professora e pesquisadora da UNICAMP. Faz parte do GEPAM - Grupo de Espectrometria, Preparo de Amostras e Mecanização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário