TURMA DO PETRÓLEO

TURMA DO PETRÓLEO

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Gás Natural Combustível

Na natureza, o gás natural é encontrado em acumulações de rochas porosas no subsolo (terrestre ou marinho), e em locais arenosos que contêm petróleo nas profundidades do subsolo. Ele pode ser classificado em duas categorias: associado e não associado: Gás natural associado: é aquele que, no reservatório, encontra-se em companhia do petróleo, estando dissolvido no óleo ou sob forma de uma capa de gás, isto é, uma parte superior da acumulação rochosa, onde a concentração de gás é superior à concentração de outros fluídos como água e óleo. Gás não associado: é aquele que, no reservatório, está livre do óleo ou este se encontra em concentrações muito baixas Na acumulação rochosa porosa, a concentração de gás é predominante, permitindo a produção basicamente de gás.
Classificação:
Gás natural é basicamente a mistura de hidrocarbonetos leves que à temperatura ambiente e pressão atmosférica permanecem no estado gasoso. O gás natural é mais leve que o ar, é inodoro, incolor e atóxico. É uma fonte de energia limpa, que pode ser usado nas indústrias, fazendo a substituição de outros combustíveis mais poluentes. As reservas de gás natural são muito grandes e os combustíveis possuem várias aplicações em nosso dia-a-dia, melhorando a qualidade de vida das pessoas.
Processo de obtenção do Gás Natural:
Etapa 1 - A etapa inicial é a exploração, que consiste em duas fases: a pesquisa e a perfuração do poço.
Etapa 2 - O gás deve passar por vasos separadores que são projetados e equipados para tirar os hidrocarbonetos e a água que estiver em estado líquido, e também as partículas sólidas.
Etapa 3 - Caso o gás esteja contaminado por compostos de enxofre, então ele é enviado para Unidades de Dessulfurização, onde esses contaminantes serão removidos.
Etapa 4 - Em seguida, uma parte do gás é utilizada no próprio sistema de produção, em processos conhecidos como rejeição e gás lift, com o objetivo de aumentar a recuperação de petróleo do reservatório.
Etapa 5 – Na etapa final o gás restante é enviado para processamento, que consiste na separação de seus componentes em produtos especificados e prontos para utilização.
Benefícios do gás natural como combustível:
•    Além de terem um baixo custo, porque geralmente são gases obtidos como subprodutos, são combustíveis que formam com o ar uma mistura mais homogênea. Essa característica contribui para uma melhor distribuição nos cilindros, aumentando o rendimento do motor;
•    Aumenta também a facilidade da partida a frio do motor;
•    Causa um baixo impacto ambiental;
•    Facilidade de manuseio e transporte.
Desvantagens do Gás Natural:
•    Apresenta riscos de asfixia, incêndio e explosão.
•    Por ser mais leve que o ar tende a se acumular nas partes mais elevadas quando em ambientes fechados.
•    Por se tratar de um combustível fóssil, ele é uma energia não renovável, portanto, finita.
•    Em caso de fogo em locais com insuficiência de oxigênio, poderá ser gerado monóxido de carbono (altamente tóxico).

Descoberta de reserva gigante 

cria corrida do gás em 

Minas Gerais

Foto: Yan BoechatAmpliar
A barragem da hidrelétrica de Três Marias isolou a cidade de
 Morada Nova de Minas da BR-040, a principal artéria econômica 
da região central de Minas Gerais
Morada Nova de Minas é uma daquelas cidades que
 parecem viver um eterno domingo. Nas ruas, sempre 
poucas pessoas e carros preguiçosos param a cada 
esquina, como que em respeito a sinais de trânsito
 imaginários. Nas praças, raros são os momentos nos 
quais há crianças barulhentas o suficiente para 
quebrar o silêncio, a trilha sonora dessa cidade a
 280 km ao Norte de Belo Horizonte. Há quase 60 anos 
isolada da artéria econômica da região central de
 Minas Gerais – a rodovia BR-040 - pela construção
 da barragem da hidrelétrica de Três Marias, à primeira 
vista, Morada Nova parece ser uma cidade fadada a ser
 assim, meio triste, meio decadente e sem grandes 
perspectivas.
Foto: Yan BoechatAmpliar
Na praça principal de Morada Nova, o silêncio e o vazio fazem as honras numa segunda-feira
Mas calmaria
 típica de uma 
manhã de 
segunda-feira
 esconde o 
rápido curso
 de uma revolução 
com 
potencial para 
mudar
 para sempre não só o 
destino da pacata 
Morada Nova, como também 
o de dezenas de municípios
 mineiros e do próprio estado em si. Foi ali, a poucos quilômetros 
da igreja 
que homenageia Nossa Senhora de Loreto, a padroeira local, 
que em
 agosto deste ano fez-se a primeira descoberta concreta e 
volumosa de 
gás natural em Minas Gerais.
Apenas em um poço, a Orteng, uma empresa privada que vem
 procurando 
gás na região há mais de dois anos em parceria com o governo 
mineiro, 
diz ter encontrado algo entre 175 bilhões e 195 bilhões de metros 
cúbicos 
de gás natural, o que permitiria uma extração diária de cerca de 6
 milhões 
de metros cúbicos pelos próximos 25 anos. Na prática isso significa 
que, 
se as previsões da companhia estiverem certas, apenas de um poço
 será 
possível extrair 20% do que o Brasil importa da Bolívia todos os dias 
para
 abastecer indústrias, usinas térmicas de energia, lares e carros país 
afora.

Crescimento constante

Em dez anos as reservas provadas de gás quase dobraram 
no Brasil 
(em bilhões de metros cúbicos)
ANP

“Com as informações que levantamos até o momento, 
temos
 indicativos muito bons de que de fato esse volume 
estará 
disponível para exploração, mas ainda precisamos de 
mais 
pesquisas para podermos usar a palavra certeza”, diz 
Frederico Macedo,
 gerente de Óleo e Gás da Orteng. “Mas não há dúvida 
de que temos 
hidrocarbonetos lá”. Hoje o Brasil tem um volume de 
reservas provadas
 de 417 bilhões de metros cúbicos de gás natural e as 
descobertas 
da Orteng ainda precisam de mais dados para entrar
 nessa conta.
Gás que vaza da terra
Mas se forem confirmadas essas estimativas, é um 
volume de gás 
espantoso para apenas uma perfuração, representando 
quase 50% 
de todo o gás que já foi descoberto no Brasil. 
Pesquisas indicam 
que pode haver concentrações de gás em uma área 
que se estende 
desde o centro do Estado até quase a divisa de
 Minas Gerais com 
a Bahia e com Goiás. Tecnicamente, trata-se da Bacia
 do São Francisco,
 uma região em que desde antes das caminhadas de 
Guimarães Rosa
 por seus sertões e veredas se aventa possibilidade 
de haver gás.
Foto: Yan BoechatAmpliar
Às margens do rio São Francisco, fenômenos relacionados ao gás
 são comuns e antigos
O próprio Guimarães em Grande Sertão Veredas já fazia
 menção 
dos indícios de que aquela região de Minas havia o que 
hoje os
 especialistas chamam de hidrocarbonetos.
 “Em um lugar, na 
encosta, brota do chão um vapor de enxofre, com estúrdio
 barulhão,
 o gado foge de lá, por pavor”, escreveu o autor ainda 
nas primeiras
 páginas de seu livro mais famoso. Nas pequenas 
cidades por onde 
Guimarães passou, até hoje os sertanejos tem causos
 e lendas a contar 
envolvendo o gás. Como Marcolino Ferreira, gari da 
cidade de
 Buritizeiro, que garante ter visto seu pai cozinhar 
peixe na beira
 do rio com o gás que brota da terra. “Lá na localidade 
de Remanso 
do Fogo é assim, o gás vaza do chão”, conta ele.
Vídeo mostra como o gás brota da terra em Buritizeiro

Por conta disso e de indícios menos empíricos, a
 Agência Nacional de Petróleo já licitou – e encontrou
 compradores -
 quase 40 blocos de exploração em uma área de
 750 mil metros 
quadrados, algo como 25% do Estado de 
Minas Gerais. Nesse 
momento sete empresas brasileiras e estrangeiras,
 entre elas as
 gigantes Petrobrás, Shell e Vale, estão perfurando 
ou se preparando
 para perfurar poços de exploração em meia dúzia de 
municípios mineiros.
Foto: Yan BoechatAmpliar
Perfurações em busca de gás já estão ocorrendo em ao menos três municípios do sertão de Minas Gerais
Além de Morada 
Nova de Minas,
 já foram encontrados 
indicativos de concentrações
 volumosas de gás em outras
 duas cidades do Norte do Estado – 
Brazilândia de Minas e 
Corinto. A expectativa do
 governo de Minas Gerais
 é de que os investimentos
 apenas em prospecção 
passem dos R$ 1,2 bilhão nos
 próximos anos.
Até agora, no entanto, 
com exceção de Morada,
 ainda não se sabe exatamente 
o volume e se há viabilidade
 econômica para a extração 
nesses municípios. “É cedo ainda para cravar se teremos 
um volume que 
seja suficiente para impactar a matriz energética do Brasil,
 como há quem 
diga por ai”, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro
 de 
Infraestrutura (CBIE). “Mas não há como negar que estamos
 diante de 
perspectivas muito, muito animadoras”.
Enquanto especialistas, como Pires, e empresas, como 
a Petrobrás,
 que encontrou gás em Brazilândia mas ainda não definiu 
se há de fato 
viabilidade econômica para explorá-lo, primam pela cautela, 
nas cidades 
que formam a Bacia do São Francisco o clima é de euforia.
 “É a nossa redenção,
 graças a deus encontramos esse gás”, diz Nilton Ferreira,
 prefeito de Corinto,
 já se adiantando às pesquisas que confirmarão ou
 não a viabilidade 
econômica das descobertas iniciais que a Petra, a 
empresa que está 
explorando a região, já fez.
Redenção para a decadência
Corinto, como quase todas as cidades da região, 
vive tempos de
 decadência econômica e poucos empregos.
 “Desde que a Rede 
Ferroviária Federal foi privatizada e um centro 
de manutenção que 
tínhamos aqui foi desativado, nada mais surgiu”,
 diz Ferreira, que,
 entre uma informação e outra, faz questão de 
lembrar a todo o
 tempo que a ex-prefeita da cidade e sua inimiga 
política usou de 
forma, segundo ele, desleal, seus dotes físicos
 na campanha. 
“Ela é jovem, usava saias curtas, pernas a mostra 
na periferia, essas coisas”, conta ele, quase
 cochichando em seu gabinete.
Foto: Yan BoechatAmpliar
Nilton Ferreira, prefeito de Corinto, diz que o gás será a redenção do município
Assim como em 
Morada Nova de Minas,
 em Corinto é a 
prefeitura
 quem provê a 
maior parte
 dos empregos 
da cidade 
e depende 
diretamente 
dos repasses federais e 
municipais para se sustentar. 
É lá também que se concentram
 as maiores expectativas de
 que uma nova descoberta de vulto possa surgir 
em breve. A Petra, uma 
empresa brasileira que já investiu mais de
 R$ 200 milhões na Bacia do 
São Francisco e detém 24 blocos para
 exploração ali, anunciou em
 julho à ANP que encontrou gás no poço que 
está perfurando em 
Corinto. A sonda utilizada pela companhia já
 atingiu a profundidade de 
1,5 mil metros, mas a Petra diz que ainda precisa 
fazer pesquisas mais 
aprofundadas para determinar qual a 
quantidade
 de gás existente ali. 
“Mas não há dúvida que há gás, 
e em grande
 pressão”,
 diz Ana Bizzotto,
 gerente de comunicação da companhia.
Um sheik no sertão
Na cidade, é claro, não se fala em outra coisa.
 E antes mesmo
 de começar a extrair o gás, Corinto já
 ganhou até um sheik. 
Trata-se do Sheik Dalmásio, um
 comerciante de 75 anos, 
dono do único bar da acanhada rodoviária 
de Corinto, em 
cuja as terras a Petra está perfurando seu 
primeiro poço na
 região. Atrás do balcão de madeira em que 
comanda seu bar 
há 35 anos, Pedro Dalmásio, o Sheik de 
Corinto, é só sorrisos.
 “Agora não deixam eu jogar na megasena, 
dizem que já fui 
sorteado”, conta, rindo do chiste que andam
 fazendo com ele 
pelas ruas da cidade.
Conta-se por lá que a Petra paga a
 Dalmásio cerca de 
R$ 10 mil para que utilize suas terras, 
uma fazendola árida
 na área rural de Corinto, onde o comerciante
 cria algumas 
dezenas de vacas. Tanto ele quanto a empresa
 negam os 
valores e, com o sucesso súbito, Sheik agora anda
 com um
 discurso mais sóbrio. “Eu não ganhei nada, eu
 quero é que
 Corinto ganhe”, diz ele. Indagado se tanto 
desprendimento 
o faria vender o pedaço de terra, Sheik
 abandona a mineirice 
e é incisivo: “mas por nada nesse mundo, moço”.

Foto: Yan BoechatAmpliar
Por ter um poço sendo perfurado em sua fazendola, 
Pedro Dalmásio virou o Sheik de Corinto