TURMA DO PETRÓLEO

TURMA DO PETRÓLEO

domingo, 3 de março de 2013


Para o bem ou para o mal? Plataformas de petróleo destroem ecossistema

'Será que não está na hora de mudar e parar de aceitar passivamente a destruição do ambiente causada pela extração petrolífera', analisa Rachel Davis
Colaboradora: Rachel Ann Hauser Davis -
As plataformas de extração de petróleo em alto mar fornecem à sociedade esse combustível fóssil não renovável, para que todos possam aproveitar os benefícios da vida moderna. Porém, os impactos ambientais causados por essas plataformas trazem prejuízos enormes ao meio ambiente e, por consequência, à população.
Diversos resíduos são gerados nessas estruturas, como, por exemplo, resíduos sólidos, em sua maioria classificados como “perigosos”. De acordo com o Ibama, apenas em 2009 foram gerados 44.37 toneladas destes resíduos a partir de atividades de pesquisa sísmica marítima, perfuração de poços, produção e escoamento de petróleo e gás natural em águas brasileiras, e, deste total, 24.11 toneladas (54,3%) eram substâncias sólidas perigosas, produzidas principalmente nas plataformas e instalações do pré-sal no Sudeste brasileiro. Dentre os tipos de resíduos encontrados, estão sucatas metálicas, restos de tinta e embalagens plásticas, que poluem o ambiente.
Outro resíduo perigoso gerado a partir deste tipo de atividade petrolífera é a “água de produção”, também chamada de “água negra”. Este resíduo é composto da mistura da água do mar com o óleo extraído e contém, muitas vezes, graxas e substâncias tóxicas, como os metais cádmio, cobre, berílio, ferro, e até mesmo compostos radioativos nocivos à saúde, como por exemplo o estrôncio 90 e o bismuto 214.
Esta água negra é extremamente prejudicial ao ambiente, e tem o potencial de contaminar grande parte da vida marinha, e as empresas de extração petrolífera têm o dever de tratar o resíduo antes de descartá-lo. Em um caso brasileiro ocorrido no final de 2012, porém, investigações realizadas pela PF revelaram que a Petrobrás não trata seus resíduos de forma correta na maioria das plataformas da costa brasileira (de 110 plataformas, apenas 29 possuem a capacidade de tratar a água negra, por exemplo), faltando ainda uma fiscalização adequada do Ibama. Além disso, as investigações também indicaram que a água negra é descartada há décadas no oceano sem tratamento adequado, sem fiscalização alguma.
Outro tipo de resíduo gerado a partir da extração petrolíferas nas plataformas são os resíduos gasosos – geralmente uma mistura de hidrocarbonetos tóxicos com predominância de gás metano –, que contribuem para o efeito estufa. Teoricamente, apenas gás residual e misturas de óleo e gás podem ser liberados para a atmosfera pelas plataformas. Porém, nos últimos dois anos, houve vazamentos de gás destas estruturas no Brasil, poluindo mais ainda o meio ambiente.
Com isso, podemos perceber que chegamos ao absurdo de permitir que empresas deste tipo usem o planeta como seu próprio lixo particular, tendo em vista que existem muitas outras tecnologias, além do uso de combustíveis fósseis, que podem fornecer à sociedade moderna tudo que temos hoje em dia e mais um pouco. Exemplos disso são carros elétricos e o uso da energia eólica, já comuns na Europa há algum tempo. Será que não está na hora de mudar e parar de aceitar passivamente a destruição do ambiente causada pela extração petrolífera, e investir em opções sustentáveis e menos poluentes?
Rachel Ann Hauser Davis
Bióloga; Doutora em Química Analítica
UNICAMP - Instituto de Química
Grupo de Espectrometria, Preparo de Amostras e Mecanização - GEPAM

Duas plataformas da Petrobras se chocam por causa do mau tempo

Colisão entre P-58 e P-63 aconteceu próximo ao Canal do Porto de Rio Grande
Redação NNpetro - 
Uma plataforma da Petrobras, ainda em construção, chocou-se contra um navio plataforma por causa do mau tempo e da maré alta, na manhã do último sábado (2), próximo ao  canal do Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
De acordo com a estatal, os ventos fortes romperam as amarras do navio plataforma P-58, em construção no canteiro Honório Bicalho. À deriva, a unidade seguiu em direção ao canal; ao mesmo tempo, algumas das amarras da plataforma P-63, também em construção no canteiro, romperam-se e a proa deslocou-se na mesma direção, levando à colisão.
Ninguém ficou ferido no acidente, segundo a estatal. A P-63 já foi reposicionada no canteiro de construção, enquanto a P-58 será levada de volta ao cais.
A Petrobras declarou que realizará uma inspeção nas plataformas para analisar a extensão dos danos causados pelo choque. A companhia informa que também constituiu uma comissão de investigação para apurar os fatos e determinar as correções necessárias.
(Com informações do Estado de S.Paulo)

Óleo usado em setor elétrico é poluente e cancerígeno

Substância foi proibida, mas continua sendo usada pela indústria
Colaboradora Rachel Ann Hauser Davis 
O ascarel é o nome comercial de um óleo resultante de uma mistura de hidrocarbonetos derivados de petróleo, usado como fluido dielétrico, lubrificante e isolante em equipamentos elétricos, principalmente em transformadores e capacitores. Este tipo de óleo contém também, além de hidrocarbonetos, compostos chamados de bifenilas policloradas, ou PCBs. Estes são poluentes orgânicos persistentes, não biodegradáveis, altamente tóxicos e de ação corrosiva e inflamável, que causam efeitos nocivos ao meio ambiente e à saúde – são carcinogênicos e mutagênicos, podendo ainda causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central. Além disso, também são solúveis em gorduras, o que facilita a sua chegada até os seres humanos, via ingestão de pescado, por exemplo.
A instalação de novos aparelhos que utilizem ascarel e a comercialização deste óleo foi proibida no Brasil em 1981, porém ainda existem muitos equipamentos abandonados contendo esse produto, especialmente em depósitos, garagens, subestações e edifícios industriais, servindo de estoque para eventual reposição, pois a lei, absurdamente, ainda permite o uso da substância por empresas que tenham equipamentos que a utilizem, durante a sua vida útil, que é de cerca de 40 anos. Assim, temos a presença por muitas décadas de possíveis fontes poluidoras contendo compostos reconhecidamente tóxicos e carcinogênicos.
Diversos exemplos recentes ilustram este problema: em 1996, uma subestação do metrô no bairro de Irajá, Rio de Janeiro, foi invadida e depredada por moradores locais, acarretando o vazamento de 400 litros de ascarel, provenientes de transformadores. Este vazamento provocou a intoxicação de nove moradores e a morte de uma criança, pois muitas pessoas usaram o óleo para fritura de alimentos. Em 2005, aproximadamente 11 mil litros de ascarel foram furtados de um prédio abandonado na zona portuária do Rio de Janeiro. A Polícia Federal na época indicou que o óleo pode ter sido comercializado no mercado negro para abastecer essas empresas que ainda possuem equipamentos à base de ascarel. E agora, em 2013, houve o vazamento de 12 mil litros desse óleo em Florianópolis, diretamente despejados no meio ambiente.
Embora testes realizados por uma equipe de pesquisadores USP tenham dado resultado negativo com relação à presença de PCBs neste último episódio – a hidrodinâmica local pode ter favorecido a dispersão das substâncias –, em outras regiões do Brasil a situação não é bem assim. Pesquisadores da PUC-Rio, por exemplo, verificaram níveis de PCBs acima do máximo permitido pela legislação, tanto brasileira quanto internacional, em três espécies de peixes (tainhas, corvinas e peixe espada) na Baía de Ilha Grande – um fator alarmante visto que estas e outras espécies de peixe são regularmente consumidas pela população da área de entorno.
Neste contexto, vemos que este é um problema extremamente preocupante, e que, como muitas coisas que acontecem em nosso país, poderia ser facilmente evitado, sancionando-se leis (lá nos idos da década de 80, quando já se sabia dos efeitos danosos destes compostos) proibindo, alem da comercialização, o uso de equipamentos contendo ascarel e derivados. Afinal, transformadores e capacitores elétricos valem a vida e a saúde de nossa população?
Rachel Ann Hauser Davis
Bióloga; Doutora em Química Analítica
UNICAMP - Instituto de Química
Grupo de Espectrometria, Preparo de Amostras e Mecanização - GEPAM

Números de descobertas de óleo e gás na Rússia impressionam

Reservas de petróleo somam 681 milhões de toneladas e produção do gás natural 816 bilhões de metros cúbicos
Redação NNpetro - 
O ministro de Recursos Naturais da Rússia, Sergey Donskoy, afirmou nesta terça-feira (22) que as descobertas de petróleo e gás em 2012 foram mais expressivas do que o esperado, superando a quantidade produzida por cada commodity.
Segundo o ministro, as novas descobertas de petróleo somam 681 milhões de toneladas e as reservas de gás natural registram 816 bilhões de metros cúbicos (bmc), conforme mostram as transições postadas no portal russo Kremlin.
Os volumes apresentados pelo ministro ficaram acima da produção de petróleo da Rússia em 2012, estipulada em 518 milhões de toneladas, e de 655 bmc de gás, de acordo com dados do Ministério da Energia.
De acordo com a agência Reuters, Donskoy não revelou qual classificação utilizou para calcular as reservas, embora o Ministério use geralmente os padrões russos.
Maior produtora
A quantidade do óleo bruto extraído cresceu 3,5%, ultrapassando 266 milhões de toneladas. O produto refinado, por sua vez, subiu 3,6%, atingindo mais de 265 milhões de toneladas.

Dona de casa de Salvador acha petróleo no quintal

Bairro onde ocorreu o achado é considerado o marco zero da descoberta de petróleo
Redação NNpetro - 
Foi ao preparar o terreno do quintal para aumentar a casa no bairro Jardim Lobato, subúrbio ferroviário de Salvador (BA), que a dona de casa Tereza Barbosa se deparou com um líquido preto no terreno e uma antiga sonda de petróleo.  Desconfiada, Tereza Barbosa acionou rapidamente a Petrobras e a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Afinal, não é todo dia que se acha um poço de petróleo no fundo do quintal de casa.
"Em princípio, pensamos que era um poste antigo, que deveríamos arrancar. Nossa sorte é que, logo depois, começou a escorrer aquele líquido escuro. A gente achou que era petróleo, mas não tínhamos certeza. Por isso, paramos a obra", disse Daniela Fiúza, filha de Tereza Barbosa, ao jornal Estado de S. Paulo.
Técnicos da estatal e da ANP já estiveram no local. Lobato foi o primeiro ponto a ter petróleo explorado no Brasil, no fim da década de 1930. Provavelmente, a sonda encontrada no quintal de dona Tereza é uma das sete sondas que foram colocadas no período em que o petróleo começou a jorrar em Lobato. O local, batizado em homenagem a Francisco Rodrigues Lobato, proprietário da fazenda onde foi descoberto o poço, tornou-se uma comunidade pobre, com taxa de criminalidade elevada, de acordo com o jornal Tribuna da Bahia.
História da exploração no marco zero
As operações no campo de Lobato começaram oficialmente em 21 de janeiro de 1939 e duraram até a década de 1970, quando a Petrobras considerou esgotados os reservatórios existentes e deixou a área, abandonando as sondas. Após a retirada da estatal, o bairro começou a receber moradores, na maioria dos casos em moradias irregulares, oriundas de invasões.
No local pode existir ainda de 500 mil a 1 milhão de barris de petróleo, mas, segundo a ANP, não há expectativa de que se encontre na área petróleo para exploração comercial. Em nota, a ANP informa que o campo "não apresenta volume de óleo significativo, pois os reservatórios estão esgotados". De acordo com a ANP, "os poços desse campo estão encobertos por aterros de grande extensão, sobre o qual desenvolveu-se uma zona urbana, portanto, os poços não seriam reutilizados". A ANP disse ainda que o vazamento será investigado.
Manifestação
Os moradores aproveitaram o achado para fazer uma manifestação com o objetivo de chamar a atenção para os problemas do bairro. Segundo a presidente da Cooperativa Múltipla do Bairro Ouro Negro, Adélia Lima, o petróleo é sinônimo de riqueza no mundo, mas não em Lobato, bairro do subúrbio ferroviário, com 1.500 moradores que convivem com saneamento precário, desemprego e pobreza.
(Com informações do Estado de S. Paulo)

Óleo é indicado no tratamento para dores nas articulações
Fonte: BBC - 
O Azerbaijão, país na fronteira entre Europa e Ásia, é um grande produtor de petróleo, exportando milhões de barris a cada ano. O óleo negro é tão abudante que moradores do oeste do país começaram a usar o produto como tratamento para dores nas articulações.
Um spa local oferece, entre diferentes opções de tratamento, um banho de imersão em petróleo. O paciente deve ficar no máximo dez minutos na banheira cheia de petróleo para não alterar seu ritmo cardíaco. Segundo funcionários do estabalecimento, o óleo é mantido na banheira a 40 graus Celsius.
Os usuários do spa descrevem a experiência como um banho quente e relaxante. Especialistas locais sustentam que o petróleo da região é rico em naftalina, química que garante o poder de cura em casos de dores nas articulações, mas cientistas ao redor do mundo alertam para o potencial cancerígeno da naftalina.

'O homem está tão dependente de petróleo que não quer pensar em outras soluções', avalia Rachel

Bióloga defende investimentos em energias alternativas
Redação NNpetro - 
Ferrenha defensora da economia verde, a bióloga e doutora em química Rachel Ann Hauser Davis dá entrevista ao NNpetro e expõe seu ponto de vista em relação ao cenário energético mundial. Para ela, mais investimentos em energias alternativas deveriam ser feitos e que a larga utilização do petróleo se deve ao fato "da veiculação da imagem de que 'não podemos viver sem'".
Colaboradora do portal, Rachel publica toda quarta-feira textos com enfoque em saúde e meio ambiente. Com mais essa entrevista, o NNpetro reafirma o compromisso de ser um veículo imparcial, comprometido com a informação, democracia e diversidade de olhares. Somos um veículo de todos para todos.
1X) Os ecologistas condenam o petróleo e o gás, mas eles existem em todos os lugares: no plástico, maquiagem, asfalto, silicone, pneus, gasolina, diesel, entre outros produtos. No mundo, o transporte de alimentos, mercadorias e pessoas é feito essencialmente com a queima desses combustíveis. É realmente possível a vida sem petróleo? Você consegue enxergar os benefícios que esta energia traz para a sociedade?
Rachel Ann Hauser Davis – É claro que os benefícios existem, os transportes citados, por exemplo, foram extremamente importantes no desenvolvimento da nossa sociedade. Hoje em dia, esse tipo de produto é sim parte de nossa vida diária. Porém, amadurecemos (ou deveríamos ter amadurecido) o suficiente para perceber que a nossa dependência nesse tipo de produto será o nosso fim em alguns anos. Carros elétricos já são maioria, por exemplo, em muitos países da Europa. Por que não aplicar tecnologias, se não completamente verdes, ao menos mais sustentáveis do que as atuais, quando reconhecidamente afetamos o ambiente e a saúde humana e animal de forma extremamente negativa? O que impede o trem elétrico? Aviões elétricos já são uma realidade, por que não investir nisso? Protótipos de aviões com painéis solares muito mais potentes da nova geração, por exemplo, também já estão em fases de testes. O grande problema é o pouco investimento nessas áreas, devido ao pouco interesse de nos livrarmos da dependência de combustíveis fósseis.
2X) O mercado de óleo e gás prevê um auge de exploração para daqui a 20, 30 anos. Como você vê o mundo até lá? Acredita que a utilização do petróleo terá diminuído?
Eu gostaria de dizer que sim, que nossa dependência do petróleo irá diminuir, e ainda existe esperança para isso, pois existem muitos grupos e empresas que caminham pelo lado verde, sustentável. Porém, infelizmente acredito que, cada vez mais, há uma competição pelo petróleo e a veiculação da imagem de que “não podemos viver sem” – o que distorce a realidade do potencial de outras tecnologias – mantém o mundo estagnado no mesmo cenário. Acho que a situação poderia mudar se todos se conscientizassem da existência de outras possibilidades, de que não é tão cara assim a implantação de tecnologias alternativas, e que poderíamos manter nossa qualidade de vida praticamente a mesma substituindo o petróleo por outras fontes de energia, com um pouco de trabalho duro e força de vontade. Resta saber se a população deseja sair da inércia e tentar melhorar a situação do nosso planeta, que em alguns anos se tornará insustentável.
3X) Na sua opinião, qual a melhor fonte de energia para se investir e por quê? O Brasil está no rumo certo quando se trata de eficiência energética?
Existem diversos tipos, mas, na minha opinião, as melhores fontes seriam as que necessitam de pouca ou nenhuma extração do ambiente, como a energia eólica, a hidrelétrica (em casos de locais com grandes correntezas de água ou cachoeiras), e, claro, a energia solar, que acho extremamente subutilizada. Acho que o Brasil tem investido no caminho certo, já temos implantadas diversas hidrelétricas há anos, existe cada vez mais uma maior preocupação com a “energia verde”, porém como um país com tanto potencial eólico e solar não investe mais nisso? Acho que ainda temos muito para avançar nesse quesito. Se houvesse maior investimento nessas tecnologias, o preço (que é a desculpa de muitos para não implantarem este tipo de fonte energética), cairia e as tecnologias se tornariam mais viáveis de serem implantadas.
4x) Que medidas as empresas que exploram petróleo podem tomar para serem ecologicamente corretas ou para reduzirem o impacto ambiental? É possível falar em sustentabilidade quando se trata de combustíveis fósseis?
Estudos prévios de impactos ambientais e análises de risco devem ser sempre realizados. Porém, esses estudos caem muitas vezes no jogo de corrupção onipresente no Brasil, onde se conclui que não haverá impacto ambiental nenhum, quando todos sabem que isso é extremamente difícil. Deve-se também sempre seguir à risca as leis e regulamentações estabelecidas, que existem por um motivo. Porém, aqui também temos o problema de corrupção, e as pessoas que querem apenas realizar seu trabalho são até ameaçadas para fazer as coisas “do jeitinho” que as empresas querem para obter as licitações desejadas. Estamos falando de um problema muito maior que não se restringe à exploração do petróleo, como, por exemplo, um estudo feito às pressas que acaba por permitir o vazamento de milhões de toneladas de óleo, ou então a queima e liberação de fumaça tóxica, em um projeto que deveria ser ecologicamente correto, e outras situações desse tipo.
Na minha opinião, estamos cavando um buraco, onde vamos nos enterrar em algumas décadas. O homem está tão dependente de petróleo que não quer pensar em outras soluções. Dou como exemplo o pré-sal aqui no Brasil. Quando foi descoberto, foi um acontecimento enorme, investem-se milhões, bilhões, de reais na sua extração. Porém, ele é um recurso finito. Por que não investir esse dinheiro em opções mais sustentáveis, como energia eólica ou solar? É claro que seria um investimento a longo prazo, para o desenvolvimento de tecnologias já existentes com objetivo de obter mais energia limpa com menos gasto de dinheiro. Infelizmente, as empresas pensam no agora, no retorno imediato que os combustíveis fósseis dão. Porém, o que não pensam é que, daqui a 40, 50 100 anos, o planeta que deixaremos para as próximas gerações estará esgotado de seus recursos finitos (inclusive água potável!) e será cada vez mais difícil e caro implantar tecnologias verdes. Por que não começar agora?
5X) Como foi a sua trajetória profissional e acadêmica? Já teve experiência na área de óleo e gás? E qual a sua expectativa como colunista do NNpetro?
Eu sou bióloga, formada pela UNIRIO e, quando terminei a graduação, descobri a vontade de ser pesquisadora, portanto resolvi fazer um mestrado na PUC-Rio. O mestrado foi em química analítica com foco ambiental, e eu tinha a vontade de trabalhar com compostos de importância atual no cenário brasileiro, por isso acabei trabalhando com os efeitos de hidrocarbonetos derivados de petróleo em organismos aquáticos, dentre outras linhas de pesquisa. Depois disso, continuei no doutorado, focando nos efeitos de metais pesados e alguns outros compostos em organismos aquáticos. Acho que a pesquisa abre muitas portas para diversas soluções a impactos danosos ao meio ambiente, se for bem conduzida.
Minha expectativa como colunista do NNpetro é poder compartilhar informações pouco difundidas, pois são informações científicas muitas vezes restritas a grupos como pesquisadores e acadêmicos. Além disso, eu também pretendo incitar discussões a respeito desse tipo de tema, pois é apenas com discussões que podemos chegar a medidas eficazes de prevenção a determinados problemas ambientais.

Como vivem, trabalham e se divertem os petroleiros que passam longos dias por mês longe da família e amigos, nas plataformas da Petrobras em alto-mar.