TURMA DO PETRÓLEO

TURMA DO PETRÓLEO

sábado, 24 de março de 2012

Entrevista com Marcelo Lima de Mendonça


1) A Petrobras bateu novo recorde na entrega de gás natural ao mercado, em 2011, alcançando uma vazão anual de 37 milhões de metros cúbicos por dia de gás ofertado. A companhia divulgou também o aproveitamento do gás natural que é produzido junto com o petróleo nas plataformas da Petrobras, onde atingiu a marca recorde de 89,2%, em 2011. Quais os maiores gargalos do setor de Gás Natural no Brasil?
A 5X Petróleo dessa semana é com o gerente Técnico e de Desenvolvimento da Gas Energy, Marcelo Lima de Mendonça. Responsável pela carteira de clientes industriais da área de gás natural da Gas Energy, o executivo falou sobre os potencias e os gargalos que o setor enfrente no Brasil e no exterior.

É verdade que nos últimos anos a Petrobras incrementou significativamente sua capacidade de produção, processamento e transporte de gás natural. A infraestrutura de transporte cresceu em cerca de 8%, como resultado principalmente dos vários programas de ampliação como Malhas e Plangás. Os aumentos concentraram-se principalmente na ampliação da comunicação entre os mercados de São Paulo e Rio de Janeiro com a construção do gasoduto Campinas-Rio. Outro ponto importante da ampliação foi a ligação entre as malhas sudeste e nordeste com a construção do Gasene. Esse gasoduto permite principalmente que a produção excedente do Espírito Santo possa ser enviada para outros estados como RJ e BA.

A capacidade de processamento também foi expandida, com a instalação de novas UPGNs, como a Monteiro Lobato em SP e Sul Capixaba no Espírito Santo. No entanto, toda essa ampliação da infraestrutura de processamento e de transporte foi projetada para garantir o escoamento de volumes em torno de 86 Mm³/d, sem contar a produção esperada das reservas do Pré Sal, que segundo estimativas pode vir a alcançar em 2020 cerca de 75 Mm³/d adicionais. Em outras palavras, a malha de transporte e a capacidade de processamento atual do Brasil não têm capacidade de processar ou transportar todo o volume de gás adicional. Para o devido escoamento dessa produção serão necessários novos gasodutos e um aumento da capacidade de processamento. Sem falar da necessidade de ampliar as redes de distribuição, para que o gás possa chegar aos consumidores finais...
2) A Gas Energy realiza serviços de assessoria empresarial, abrangendo toda a cadeia produtiva do gás natural e do petróleo, passando pela indústria química e petroquímica. Quando e como vocês perceberam que esse mercado estava carente?
A Gas Energy foi criada em 2005 e naquela época o mercado de gás natural no Brasil estava apenas começando. Percebemos que não tinha muita expertise no país sobre gás natural. Consultorias estrangeiras atuavam no país, mas sem realmente conhecer a realidade local. Os sócios fundadores, Marco Tavares e Douglas Abreu, tinham uma longa experiência corporativa na indústria de gás natural e na indústria química e petroquímica. Foi natural atender esse segmento, que era, e ainda é, muito demandante de estudos e assessoria.

Hoje a Gas Energy atua em toda a cadeia do gás natural, como também nos mercados de petróleo, derivados, carvão e de produtos petroquímicos. Atualmente somos a maior empresa brasileira de consultoria especializada em gás natural, com foco no Brasil e em toda a América Latina. Nossos clientes abrangem toda a cadeia do gás, de produtores de petróleo e gás, nacionais e internacionais, passando por empresas transportadoras e distribuidoras de gás, até os consumidores finais. São nossos clientes as maiores empresas industriais do país que consomem gás ou querem expandir seu consumo de gás. Assessoramos também associações industriais e órgãos de governo, tanto federal como estaduais.
3) O presidente da Bolívia Evo Morales inaugurou semana passada as obras de ampliação do maior complexo de gás natural do país, San Antonio, cuja capacidade de produção passou de 15,4 para 22,1 milhões de metros cúbicos diários, o que permite assegurar a elevação da oferta prometida ao Brasil e à Argentina. Como está essa questão do fornecimento do Gás boliviano para o Brasil. Até quando seremos dependentes da Bolívia?

O contrato da Petrobras com a Bolívia vai até 2019, e contempla o suprimento de 30 milhões de m³/dia, com um Take or Pay anual de 80%. A partir de 2019, certamente já teremos uma produção significativa no Pré-Sal, a entrada de novos produtores tanto offshore e onshore, e seguramente haverá uma sobre oferta de gás. Com este cenário, seria possível deixarmos de importar gás boliviano, porém ainda há bastante incerteza acerca dos cronogramas de exploração e produção da Petrobras e dos novos produtores e da implantação da infraestrutura para o escoamento desta produção (gasodutos de transferência, gasodutos de transporte, UPGNs).
Por outro lado, ainda em uma grande parte do País, o gás boliviano é a melhor solução econômica para manter e ampliar o mercado. Por esses motivos, é muito provável que o contrato com a Bolívia seja prorrogado, possivelmente com uma renegociação das condições de preços e mais flexibilidade nos volumes. Acreditamos que conviveremos, sem dependência, ainda por bastante tempo com o gás boliviano. No entanto, para que o suprimento da Bolívia continue e seja confiável, é necessário que outros projetos sejam implantados no país vizinho, para compensar a declinação normal dos campos que já produzem a mais de 12 anos.
4) No final do ano passado, o presidente da HRT Oil, Márcio Mello, chegou a dizer que a Petrobras não é a única opção da empresa para escoar sua produção de gás na bacia do Solimões, mas também disse que nunca houve uma conversa entre as duas petrolíferas à respeito do assunto. O gasoduto da Petrobras é a única opção? Quais seriam as outras?
O gasoduto da Petrobras não é a única opção para escoar a produção da HRT. A Gas Energy realizou em 2010 um estudo para a HRT onde foram analisadas alternativas de escoamento para sua produção e também de mercados para sua monetização, que dependerão claramente dos recursos que vierem a ser comprovados. A lógica econômica indica que, naquela região, os produtores deveriam colaborar em infraestrutura já que os mercados finais pretendidos são claramente diferenciados.
De toda forma, outras formas de transportar gás foram estudadas e também recentemente, estamos indicando ao mercado uma nova tecnologia denominada de GNL LITE que possibilita a liquefação do gás natural em condições mais econômicas, com materiais mais comuns no mercado de gás e com forte redução no investimento.
5) O gás natural ainda é muito difícil e caro de transportar e armazenar (Gás e GNL) e, portanto, requer firmar contratos de transporte e contratos de venda (Take or Pay e entrega ou pagamento) de comprimento prazo 20 anos. Por que essa logística de transportes e armazenamento ainda saem caro? O gasoduto ainda é caro para os padrões brasileiros?

O transporte e a armazenagem do gás natural são, no mundo inteiro, mais caros que o transporte e a armazenagem dos combustíveis líquidos e sólidos. O transporte de gás, por gasoduto ou sob a forma de GNL, requer altos investimentos em infraestrutura fixa, que requer largos períodos para recuperação do capital. Por isso são comuns contratos de compra e venda de longo prazo. No caso do GNL tradicional, o gás deve ser mantido a uma temperatura de –160°C e pressão de 1 atmosfera, o que requer o uso de materiais especiais no transporte e na armazenagem do gás natural liquefeito. Por isso, o investimento é caro. O GNL Lite é uma nova tecnologia onde o gás natural é liquefeito a uma temperatura de –40°C e uma pressão de 100 bar. Nestas condições, é possível o uso de materiais mais comuns, reduzindo os investimentos.

No Brasil, os gasodutos são muito caros quando comparados aos custos internacionais. Este vai ser um desafio para ANP e EPE, que em decorrência do PEMAT serão responsáveis pela elaboração do gasoduto de referência, que será usado como base para as licitações dos novos projetos de gasodutos. Esta será a oportunidade para trazermos estes custos para uma realidade internacional
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Pré-Sal


A discussão sobre a existência de uma reserva petrolífera na camada pré-sal ocorre desde a década de 1970, quando geólogos da Petrobras acreditavam nesse fato, porém, não possuíam tecnologia suficiente para a realização de pesquisas mais avançadas.
Pré-sal é o nome dado às reservas de hidrocarbonetos em rochas calcárias que se localizam abaixo de camadas de sal. É o óleo (petróleo) descoberto em camadas de 5 a 7 mil metros de profundidade abaixo do nível do mar. É uma camada de aproximadamente 800 quilômetros de extensão por 200 quilômetros de largura, que vai do litoral de Santa Catarina ao do Espírito Santo.
Para extrair o óleo e o gás da camada pré-sal, será necessário ultrapassar uma lâmina d’água de mais de 2.000m, uma camada de 1.000m de sedimentos e outra de aproximadamente 2.000m de sal. É um processo complexo e que demanda tempo e dinheiro.
O petróleo encontrado nesta área engloba três bacias sedimentares (Santos, Campos e Espírito Santo), a capacidade estimulada da reserva pode proporcionar ao Brasil a condição de exportador de petróleo. Vários campos e poços de petróleo e gás natural já foram descobertos na camada pré-sal, entre eles estão o Tupi, Guará, Bem-Te-Vi, Carioca, Júpiter e Iara. Tupi é o principal campo de petróleo descoberto, tem uma reserva estimada pela Petrobras entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo, sendo considerado uma das maiores descobertas do mundo dos últimos sete anos.
De acordo com a atual Lei do Petróleo, as áreas de exploração serão leiloadas entre diversas empresas nacionais e estrangeiras. As que derem o maior lance poderão procurar óleo por tempo determinado. Conforme a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis), as descobertas do pré-sal irão triplicar as reservas de petróleo e gás natural do Brasil, a estimativa é que a produção alcance a marca de 50 bilhões de barris.
Segundo a Petrobras, a produção teste será iniciada em 2009, no campo de Tupi. O início da produção em larga escala está previsto para 2013 ou 2014
Petrobras faz nova descoberta no pré-sal
NN com informações do Jornal O Globo 

A Petrobras anunciou ontem uma nova descoberta de petróleo no pré-sal. A existência de petróleo de boa qualidade foi confirmada em poço perfurado no bloco BM-S-8, em águas ultraprofundas na Bacia de Santos. Denominado Carcará (ou 4-SPS-86B), o novo poço localiza-se a 232 quilômetros do litoral de São Paulo, com reservatórios situados a 5.750 metros de profundidade. Carcará é o terceiro poço perfurado pela Petrobras na área de prospecção chamada de Bem-te-vi, e fica a 20 quilômetros da primeira perfuração, situada numa lâmina d"água menos profunda, de 2.027 metros.
Como o processo de perfuração de Carcará não está concluído ainda, restando determinar "o limite inferior dos reservatórios, bem como identificar outras possíveis zonas de interesse", a Petrobras não deu indicações sobre prováveis volumes das reservas em questão. Mas a nova confirmação da existência de óleo na área foi considerada pelos especialistas como mais um importante indicador do potencial de reservas do pré-sal. A Petrobras, operadora do bloco, informou que o consórcio responsável pela exploração continuará perfurando. O consórcio é operado pela Petrobras, com 66% de participação, e participam a subsidiária Petrogal Brasil (de Portugal, com 14%) e as brasileiras Barra Energia (10%) e Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP, 10%).
Corrida contra o tempo
O Globo, Negócios&Cia - Flávia Oliveira 

A Petrobras espera a liberação até abril, do terreno que abrigará a Refinaria Premium II, no Ceará, para que o prazo de entrega da unidade não seja comprometido. O projeto de USD 10 bilhões, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, é o maior da história do estado. Tem conclusão prevista para outubro de 2017, mas está empacado por problemas com o terreno. Pelo cronograma inicial, as obras começariam em setembro do ano passado. A refinaria integra o PAC 1, do governo federal. Terá capacidade para processar 300 mil barris de óleo por dia.
O governo cearense cedeu o terreno, mas a liberação não foi possível até hoje pela proximidade com terras indígenas. A Funai exigiu estudo de tradicionalidade na área. O relatório foi entregue, mas o estado tem de arrumar outro terreno para reassentar os índios do entorno. Sem acordo, as obras da refinaria não começam. A Premium II é a quarta das cinco refinarias que a Petrobras planeja pôr em operação até 2019. É o caminho para reduzir a necessidade de importação de combustíveis.

segunda-feira, 19 de março de 2012

China amplia fatia no petróleo do Brasil
O Globo, Economia - Vivian Oswald, Danilo Fariello 

De bloco em bloco, o petróleo do Brasil está ficando menos nosso e cada vez mais chinês. Desde 2010, a China investiu por aqui USD 15 bilhões nesse setor, segundo a consultoria Dealogic. A principal estratégia asiática é comprar participações em empresas já atuantes para assegurar fornecimento ao país. Segundo a Agência Internacional de Energia, a China se tornará em breve o maior consumidor mundial de petróleo, dado o interesse por carros da sua crescente classe média. Nos últimos anos, as estatais chinesas já investiram USD 4,8 bilhões na aquisição da Petrogal Brasil (de origem portuguesa), USD 7,1 bilhões em 40% da Repsol Brasil (espanhola) e USD 3,07 bilhões para ser parceira da Statoil (norueguesa) no campo de Peregrino.
Os chineses também têm parcerias com a própria Petrobras no Pará e no Maranhão. São exemplos de negócios que estão levando a China a um papel protagonista na exploração do petróleo brasileiro. A compra de petroleiras aqui segue o ritmo da disparada no volume de exportações de petróleo bruto do Brasil para a China. O valor total exportado em petróleo saltou de USD 210 milhões em 2004 para USD 4,8 bilhões no ano passado, crescimento de mais de 20 vezes, bem acima da alta de cerca de 100% do barril de óleo no período. No fim de fevereiro, a Repsol Sinopec anunciou uma grande descoberta de petróleo na Bacia de Campos. O poço Pão de Açúcar, segundo a empresa, apresenta um reservatório com espessura de 500 metros, um dos maiores já descobertos no país
Petróleo, alvo da cobiça de locais e argentinos
Fim de Semana - O Globo, O Mundo 

“A culpa desta atual confusão toda com a Argentina é que nós agora temos petróleo e eles também querem o produto”. A frase é ouvida constantemente nas ruas de Stanley. Na semana passada, o governo Cristina Kirchner prometeu iniciar uma série de medidas administrativas e legais para estrangular empresas que vêm explorando o petróleo malvinense. O governo local, no entanto, anuncia que vai reagir porque a exploração é feita legalmente e dentro das milhas náuticas usadas desde a guerra de 1982 para a desenvolvida indústria pesqueira local, hoje responsável por quase 60% do PIB das Malvinas.
Locais, mas a captação de recursos é feita na London Stock Exchange, a Bolsa de Valores londrina. O próprio Luxton admite que ao “menos quatro gigantes internacionais” já se associaram às empresas malvinenses. A primeira amostra de óleo foi descoberta em 1998, e o primeiro barril deverá ser extraído em 2016 — a exploração é toda offshore, em bacias ao norte e ao sul de Stanley, e o total de reservas é estimado em até 5,7 bilhões de barris. O iminente boom petrolífero já vem alterando a rotina dos malvinenses.