TURMA DO PETRÓLEO

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quinta-feira, 1 de março de 2012

Entrevista com Leandro Vaz

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A 5X Petróleo dessa semana é com o Presidente do Grupo G4 Prevenção e Proteção, Leandro Vaz. Na entrevista ele fala sobre a questão da Segurança, Meio-Ambiente e Saúde (SMS) no setor de petróleo e gás.
1X) Em um mundo onde estamos buscando a sustentabilidade contínua, minimizando cada vez mais os riscos dos processos operacionais referentes à exploração e logística do petróleo, e evitando a ocorrência de acidentes, podemos afirmar que a gestão de SMS caminha de mãos dadas com a indústria petrolífera ou as companhias estão longe de aceitar essa condição?
Para as empresas, a sustentabilidade atualmente é uma forma cara de se trabalhar, a punição é necessária para que não haja uma destruição ainda maior sobre o meio ambiente, porém a diminuição dos encargos sobre os materiais para a utilização de uma exploração mais sustentável seria um incentivo muito atrativo as empresas. Se elas podem lucrar e agir de forma ecologicamente correta, certamente não iriam se opor.
Sabemos que as empresas têm suas regras, sejam elas internacionais ou nacionais, porém em nosso país precisamos defender um pouco mais a sustentabilidade, informar e trabalhar não somente o colaborador da área petrolífera, mas a população. Cabe a cada um fazer sua parte e dessa forma podemos cobrar mais, não somente das empresas, mas também do Governo que ainda não trabalha de forma correta a questão da sustentabilidade.

2X) Hoje muitas empresas estão investindo na capacitação de seus funcionários, no que abrange a questão do SMS para a indústria petrolífera? Qual a importância dessa mão de obra qualificada?
Até década de 80 quando as empresas não tinham certo comprometimento com os SMS tantos empresariais quanto institucionais, o grau de acidentes era astronômico, para termos uma noção real da situação da época, os profissionais que embarcavam tinham que pagar por todos seus EPI´s. A partir da década de 90 a IMO começou a mudar essa visão, onde o primordial era a vida humana e não o lucro empresarial, foi onde os SMS´s ganharam a força que tem hoje dentro de cada empresa. Mas existe outro problema a ser resolvido, a do colaborador entender este procedimento. Vendo isso as empresas estão investindo na mão de obra qualificada, por quê? Taylor defendia um colaborador robótico, com um sistema único de trabalho em cada setor, sabemos que esse método de trabalho é ultrapassado e defasado.
Quando uma empresa apresenta suas normas a um colaborador, este talvez entenda como uma nova informação obrigatória, sem refletir no que realmente ela pode beneficiar. Com o investimento das empresas em mão de obra qualificada, o colaborador passa a entender de forma cientifica de todo o processo de formação da informação, sendo assim, passa a não ver somente o SMS como uma norma que deve ser comprida por obrigação, Isto é, de forma robótica, e compreende que a execução de todas as normas fornecidas pelas empresas e instituições, fornece um bem estar para todo o grupo participante do meio em que ele trabalha.

3X) A descoberta do pré-sal ainda instiga várias indagações que somente serão respondidas na medida em que esse novo campo de exploração for devidamente conhecido. Até lá, espera-se que o governo brasileiro tenha condições de traçar as políticas que definam a exploração dessa nova reserva de energia. Qual a sua opinião sobre essa exploração no campo do meio-ambiente?
Este é um assunto extremamente delicado, até onde as grandes empresas estão dispostas a investir em sustentabilidade, e será que somente isto é o necessário para manter o Ecossistema que habita esses locais a continuar sem a extinção? Podemos acompanhar todos os dias acidentes em todas as partes do mundo.
Não podemos ter a certeza de que a exploração em novos ambientes como o Pré-Sal ou a Floresta Amazônica, mantenha o mesmo equilíbrio depois de alterada por toda a gigantesca estrutura de uma área para a exploração de energia. Empresas visam o lucro, ONG´s defendem a natureza, não podemos ter uma ideia tão radicalista como a das ONG´s e nem tão positiva como a das empresas. Vamos usar como exemplo um copo de água. Se colocarmos uma quantidade considerável de sal em um copo de água, e se a mesma for filtrada e tradada, temos a consciência de que ela não será a mesma água que foi colocada inicialmente no copo, o mesmo será com o meio ambiente, uma vez modificada, todo o Ecossistema será influenciado, sem chance alguma de que ela chegue ao equilíbrio inicial novamente.

4X) As petrolíferas vêm anunciando cada vez mais poços na chamada camada pré-sal. Essas reservas de petróleo são encontradas a sete mil metros de profundidade e apresentam imensos reservatórios de petróleo em excelente estado de conservação. Qual o impacto que essa exploração pode causar na crosta-terrestre?
Todos nós já ouvirmos falar na teoria estudada por Edward Lorenz em 1963, chamada “Efeito Borboleta”, onde o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. O mesmo acontece com as perfurações tão profundas, vamos alterar de alguma forma todo o ecossistema que existe ali. A meu ver, um estudo muito profundo de todos os impactos é necessário e não opcional.

5X) Ano passado, o navio Diva da Transpetro, sofreu um acidente onde um funcionário da empresa morreu logo após o acidente. Algumas plataformas da Petrobras vêm apresentando vazamento de gás, causando assim sua paralisação e a retirada dos funcionários do local. Qual a sua opinião a respeito desses acidentes e quais medidas o governo deve apresentar contra as companhias?
Acidentes acontecem mesmo não devendo acontecer, seja ela causa humana ou mecânica, investimento em melhores condições de trabalho e mão de obra qualificada, são um caminho de via certa para amenizar esses ocorridos.
Porém devemos somente cobrar do Governo medidas? Cabe a todos (empresa, colaboradores, Governo) vestir a camisa desta causa. Punições severas e sem acordo são formas indiscutíveis para que as empresas se adaptem ao sistema de trabalho, mas e os colaboradores? Deixo com vocês esta reflexão.

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