TURMA DO PETRÓLEO

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Importância de uma gestão de riscos no setor de O&G

Roberto Zegarra explica as vantagens dos planos de gerenciamento de riscos
NNpetro - Adriano Nascimento - 
A 5x Petróleo desta semana é com o líder da prática deBusiness Continuity Management (BCM) da Marsh na América Latina, Roberto Zegarra, que explica aos leitores do NNpetro a importância dos planos de gerenciamento de risco na indústria petrolífera.
1) NNpetro - Quais são as principais vantagens para as empresas contratarem um plano de gerenciamento de risco no setor de óleo e gás?
Roberto Zegarra - Empresas que têm uma forte gestão de riscos são empresas mais sólidas, estão e permanecerão vigentes em longo prazo, independentemente de qualquer cenário adverso. São empresas responsáveis, seguras e preparadas para lidar com qualquer situação ou imprevisto. A história tem nos mostrado que a indústria de Óleo & Gás e as empresas do ramo têm claro suas metas de negócios, porém nem sempre possuem políticas de gestão de riscos sólidas. Ou seja, nem sempre há uma forte cultura nas empresas com relação à gestão de riscos.
Este fato representa uma vulnerabilidade muito séria, pois as empresas acabam se focando nos negócios e não percebem os riscos e vulnerabilidades iminentes. Este descaso muitas vezes faz que os riscos as peguem de surpresa, causando graves danos financeiros, operacionais e reputacionais (de imagem).
Uma boa gestão de riscos permite a empresa utilizar melhor seus recursos, priorizando controles que iram protegê-la e permitir que ela alcance os níveis de liderança e bons resultados financeiros tão desejados. Ao contrario do que muita gente pensa, uma gestão de riscos sólida, faz a empresa mais ágil, pois permite que a mesma alcance sues objetivos por caminhos seguros, evitando paradas ou perdas de custo elevado.
2) NNpetro - Qual é a perspectiva para o setor de seguros na indústria O&G para os próximos dez anos?
Roberto - A perspectiva é  bem positiva. O mercado de seguros no setor de Óleo & Gás em um prazo de 10 anos  deverá duplicar, podendo até atingir crescimento ainda maior, devido principalmente a algumas características, tais como:
1) Desenvolvimento da infraestrutura de exploração e produção da área  do pré-sal.
2) Novos leilões para  concessão de áreas de  exploração e produção
3) Alta demanda por novos equipamentos: sondas de perfuração, exploração e produção, embarcações de apoio, equipamentos submarinos, etc.
4) Política de conteúdo nacional implementada pelo governo, a qual impulsiona a construção destes equipamentos em sua grande maioria no Brasil.
A conjunção de todos esses fatores somada à atual legislação de seguros,  a qual determina boa parte da colocação das apólices no Brasil, impulsionará a um crescimento do setor de seguros para Óleo & Gás bastante expressivo, principalmente nas áreas:
- Riscos de Engenharia.
- Casco e Maquinário
- Riscos Operacionais / Proteção de receitas
- Garantias
- Danos a terceiros e ao Meio Ambiente
3 - Sobre a legislação brasileira, quais são os principais entraves no setor e os fatores que fortalecem a indústria no país?
Roberto - Acredito que quanto maior a abertura de capital, tecnologia e oportunidades para empresas globais no setor, é claro que com regras claras e de bom senso, o Brasil e a indústria Petrolífera só têm a ganhar. É evidente que o mundo está cada vez mais globalizado e a concorrência internacional junto com a tecnologia global disponível hoje em dia aumentará nossa competitividade e nos levará a patamares cada vez mais altos. A globalização não tem volta, e quanto antes percebermos e admitirmos este fato, melhor conseguiremos tirar proveito deste aspecto.
 Já entre os fatores que fortalecem a nossa indústria reitero que o Brasil tem profissionais altamente competentes, que são muito versáteis e dinâmicos. Temos uma facilidade de aprendizado, justamente devido a essa maneira versátil de sermos. Expondo cada vez mais nossos profissionais ao âmbito internacional, a concorrência global, trará a tona o melhor da nossa mão de obra, tornando-a cada vez melhor e mais competitiva.
4- Na sua visão, o que falta para as petrolíferas diminuírem os vazamentos em alto mar e também os acidentes com funcionários? 
Roberto - Atualmente, apesar das empresas terem foco em programas de prevenção, a cultura da maioria dos colaboradores têm consciência dos riscos desta operação, porém atuam muito mais no sentido de atender as exigências contratuais e adotar o padrão do principal operador – Petrobrás - do que desenvolver uma política própria e que vise customizar rotinas e procedimentos que melhor aderem às particularidades da própria empresa.
Os colaboradores focam muito na produção, resultados financeiros, metas de negócios, de fato temos uma mão de obra competente e especializada neste quesito, mas não na gestão ou controle de riscos da sua área. Isto faz que quando eles veem alguma coisa errada, nem sempre se sentem na obrigação de falar, questionar ou até mesmo corrigir a situação, pois pensam que isso é responsabilidade da área de riscos e não da sua área.
Gestão de riscos deveria ser responsabilidade de todos, não só da boca para fora, mais sim de fato! As empresas deveriam incluir métricas de gestão de riscos nas avaliações de desempenho em todas as áreas, para todos os colaboradores no final do ano quando está sendo avaliado o desempenho ou Balance Score Card.
5) NNpetro - O que o senhor acredita que o Brasil tirou de aprendizado nos vazamentos da Chevron, na bacia de Campos?
Roberto - O aprendizado foi que há uma grande preocupação e conscientização nos danos ao meio ambiente, e que as entidades, organizações, governo e inclusive pessoas estão muito alertas. Pode ser que a cultura e consciência com relação à prevenção não sejam das melhores, porém se há um vazamento, derrame, ou pior uma explosão, isto rapidamente chegará à opinião pública através da mídia ou até mesmo de pessoas comuns com acesso a tecnologia.
Esta situação acarretará um escalonamento que rapidamente alcançará aos principais meios de comunicação, que farão seu papel de divulgação, aos órgãos responsáveis e estes por sua vez tomarão providencias cabíveis; colocando em evidência a empresa que causou os danos, repercutindo severamente na sua imagem e reputação, causando graves danos, não apenas localmente, ou regionalmente, mas danos no âmbito internacional, que podem se alastrar por vários anos causando dificuldades e prejuízos enormes.
Vale comentar ainda que o exemplo da Chevron mostrou ainda que faltam regras claras, bem como competência de órgãos de regulação para atuar e situações e acidentes de grandes prioporções, deixando as empresas vulneráveis a condições contratuais unilaterais e a grandes montas de multas e sanções a serem encaradas.

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