TURMA DO PETRÓLEO

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sábado, 11 de maio de 2013


O futuro do petróleo no mundo: quem são os maiores consumidores e fornecedores?

A China desponta como o principal mercado consumidor de petróleo do mundo
Colunista Paulo Wrobel -
Após mais de meio século de fortalecimento de um número reduzido de países como principais fornecedores de recursos energéticos, especialmente combustíveis fósseis, para o mercado internacional, tudo indica que este quadro estaria em processo de alteração.
Com efeito, desde meados do século passado até muito recentemente, a tendência no campo dos combustíveis fósseis foi a de acentuada e crescente dependência, por parte dos países prósperos, na importação de óleo e gás de fornecedores muitas vezes localizados em regiões instáveis e de alta incidência de conflitos.
Tal fato não se dava no caso do carvão, uma vez que este se encontra mais bem distribuído na superfície terrestre. Já a concentração das reservas significativas de óleo e gás em relativamente pequeno número de países permitiu que esses fizessem uso da crescente demanda para tirar vantagens, seja através do aumento de preços, seja por meio da formação de cartel de produtores (OPEP), seja através de nacionalizações e apropriações de ativos das empresas estrangeiras.
A era do nacionalismo dos recursos naturais traria grandes benefícios para os países produtores, na medida em que estes se aproveitaram de eventos independentes da produção ou distribuição de seus recursos naturais para elevar preços, punir países boicotando o fornecimento ou estabelecendo quotas de exportação.
Essa situação começou a se alterar com a instabilidade dos preços internacionais do petróleo, com a estagnação do consumo nos países prósperos e com a entrada de novos países produtores, particularmente na África. Novos países produtores africanos, pequenos, médios ou grandes vêm aumentando a produção e formando novas e endinheiradas elites que ocupam um papel predador dos recursos naturais de países pobres. Assim como no caso dos diamantes de Angola, que financiaram a guerra civil naquela região por muitos anos, vários países africanos passam por turbulências político-institucionais e corrupção endêmica como resultado desta nova fonte de prosperidade.
Mas talvez seja no campo da demanda que as mudanças no padrão internacional de distribuição de poder e riqueza tenham mais se alterado nos últimos anos. Muito embora outros países, sedentos por óleo e gás, também tenham contribuído para o aumento acentuado da demanda. A República Popular da China foi quem mais contribuiu, e continua contribuindo, para as mudanças significativas na ordem geopolítica e geoeconômica internacionais. Como o maior importador de óleo, a China partiu para uma investida radical na busca de novos parceiros e oportunidades de negócios neste setor, financiando projetos de exploração e infraestrutura, bem como sustentando, com sua demanda, fornecedores globalmente problemáticos como, entre outros, o Sudão.
As alterações do lado da oferta são igualmente significativas. Aqui estamos diante de um fenômeno realmente inesperado e, pode-se dizer, quase revolucionário da geopolítica e da geoeconomia do petróleo e gás. Após anos de dependência e de duvidosas ações de política externa visando a preservação de seus principais fornecedores, os Estados Unidos, os maiores consumidores mundiais desses produtores, deparam-se com a autossuficiência de combustíveis fósseis e, até mesmo, da possibilidade de voltar a exportar os produtos. Este fato poderia acarretar, em princípio, na revisão de alianças e decisões de política externa que podem trazer consequências significativas para a ordem internacional e regional, como no caso do Oriente Médio, além da redução do poder cartelizado de pequeno número de produtores.

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