TURMA DO PETRÓLEO

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sábado, 22 de dezembro de 2012


Brasil atrai cada vez mais mão de obra estrangeira

Profissionais do setor chegam a ganhar até R$ 2 mil por dia
NNpetro - Margarida Putti - 
5X Petróleo, dessa semana, entrevista a gerente de operações da NES Global Talent no Brasil, Giovanna Dantas, sobre a situação do mercado de Óleo & Gás, o recrutamento de mão de obra especializada e as barreiras da lei de conteúdo local.
1X) NNpetro – Devido à carência de mão de obra qualificada no setor de Óleo & Gás, muitas empresas estão contratando profissionais estrangeiros, principalmente para cargos seniors. Como você analisa essa disputa por profissionais especializados no setor de Óleo & Gás no Brasil? A prática de contratar um expatriado está cada vez mais comum no mercado, por quê?
Giovanna Dantas - Sim, porque como o mercado está muito aquecido, não existem profissionais capacitados suficientes e disponíveis no Brasil. Para atender à necessidade do cliente precisamos recorrer ao expatriado.
Durante muitos e muitos anos o mercado de Óleo & Gás ficou restrito à atuação da Petrobras.
Por isso, os profissionais com anos de experiência geralmente não falam inglês – que é uma exigência na maioria dos contratos. Além disso, as pessoas na faixa entre os 50 e 60 anos estão acostumadas a trabalhar em regime CLT e não por projetos. Hoje, o cenário mudou e as contratações são feitas por tempo determinado. Depois disso, os profissionais migram para outros projetos em outras partes do mundo. O que eu percebo é que o profissional brasileiro ainda pensa muito localmente, e o mercado de Óleo & Gás é global.
Vale ressaltar que eu sou nacionalista e sempre busco brasileiros para ocupar as posições, mas quando não encontramos o perfil no Brasil, a opção é buscar profissionais no exterior.
Um exemplo é que estou com uma vaga aberta há mais de três meses, para o cargo de líder de estrutura, e não encontro profissional para ocupá-la. É uma vaga que exige vinte anos de experiência e que o profissional fale inglês. Geralmente tenho encontrado jovens com pouca experiência que falam o idioma ou alguém com experiência, mas que não tem o inglês. O salário é de cerca de R$ 30 mil por mês.
2X) NNpetro – A contratação de estrangeiros para o setor de O&G, possui diversos impedimentos por conta da lei de conteúdo local e burocracias internas do país. Desta forma, como é feita a contratação desses estrangeiros? Quais são as dificuldades de se contratar um estrangeiro?
Giovanna Dantas - A lei de conteúdo local estabelece a prioridade por contratação de pessoas e serviços brasileiros, mas varia de acordo com a área de atuação. A porcentagem mínima depende de uma série de fatores, pois a lei é complexa. Há projetos em que é estabelecida a contratação mínima de 50% de brasileiros, como há outros em que é de 70%. Cada caso é um caso.
A contratação do estrangeiro se dá mediante a retirada de alguns vistos, entre eles o RN 61, de transferência de tecnologia. O expatriado tira o visto e participa de um programa de treinamento. O papel da empresa de recrutamento é realizar esse processo e acompanhar essas etapas.
Existe um acordo de cooperação técnica entre a NES Global Talent do Brasil com a NES Internacional, que cuida do pagamento do expatriado. Nós nos tornamos responsáveis pelo profissional no Brasil e, inclusive, o auxiliamos na adaptação ao país.
3X) NNpetro – Atualmente o número de autorizações de trabalho para profissionais estrangeiros cresceu 18,8% só no primeiro semestre deste ano. Será que o Brasil terá velocidade necessária de profissionalização para suprir a demanda existente? Como você analisa esse quadro crescente de imigrantes, em especial no Rio de Janeiro?
Giovanna Dantas - O motivo é simples. Falta mão de obra e os projetos precisam seguir seus cronogramas que geralmente são apertados. Existe um déficit de mão de obra no Brasil, então, busca-se no exterior. Como o Rio de Janeiro, especificamente, vive um boom por conta de obras, eventos esportivos, reflexos do descobrimento da camada do pré-sal, entre outros motivos, a demanda tem sido maior. No entanto o processo para trazê-los está mais lento. Antes tirávamos o visto em 30 dias, agora está demorando quase dois meses.
Sim, desde que existam programas efetivos de treinamento, fazendo uso do conhecimento do expatriado para criar multiplicadores de conhecimento local.
4X) NNpetro – Atualmente sobram vagas de diversos cargos no setor de Óleo & Gás. Desta forma, quais são as áreas que mais requisitaram profissionais este ano? A Nes Global Talent já mediou à vinda de estrangeiros para o setor de óleo e gás?
Giovanna Dantas - Sim. Já trouxe mais de 50 profissionais expatriados em 2012. As áreas com maior demanda são: drilling (perfuração), subsea (verificação de equipamentos submarinos), commissioning (profissional responsável pela checagem de equipamentos e funcionamento dos mesmos) e wells (poços de perfuração).
5X) NNpetro – O Brasil vive um momento de aquecimento no setor industrial e muitos investimentos estão sendo realizados no país. Em sua opinião, a vinda de tantos trabalhadores estrangeiros está ligada ao crescimento econômico do país?
Giovanna Dantas - Claro, com certeza. A quantidade de projetos aumentou muito por conta de diversos fatores. Estamos assistindo a um “boom” em todas as indústrias, como a de infraestrutura e também a indústria pesada, que demandam profissionais de engenharia. Em todas essas áreas houve alto investimento – o que criou uma disputa acirrada nesta categoria profissional.

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