TURMA DO PETRÓLEO

TURMA DO PETRÓLEO

sábado, 23 de fevereiro de 2013


Todo combustível tem seus prós e contras, mas qual é o melhor?

Veículos elétricos seriam uma boa opção para o meio ambiente
Colaboradora: Rachel Ann Hauser Davis - 
A queima de qualquer combustível, seja gasolina, etanol ou diesel, resulta inevitavelmente na emissão de poluentes atmosféricos gasosos e/ou particulados. No caso da gasolina, por ser derivada do petróleo, um combustível fóssil não renovável, a queima lança gases como os hidrocarbonetos – poluentes e cancerígenos. A queima do diesel, que também libera estes compostos, é ainda mais prejudicial, pois libera hidrocarbonetos mais “pesados”, ou seja, com cadeiras maiores de átomos de carbono, sendo mais prejudiciais ao ambiente e à saúde do homem.

Além disso, veículos movidos a diesel, como ônibus e caminhões, não são equipados com bons catalisadores, liberando grandes quantidades destes compostos na atmosfera. Substâncias neurotóxicas, como metais e dioxinas, também são liberadas na queima de combustíveis fósseis. O material particulado, no processo de combustão, pode se acumular nas vias aéreas de humanos e animais, causando alergias e problemas mais graves, como asma e até mesmo câncer.
Já o álcool é menos poluente que a gasolina e o diesel, pois sua queima é mais limpa. Mesmo assim, todos estes combustíveis são responsáveis pela emissão de óxido de nitrogênio (um gás nocivo) e de dióxido de carbono, que contribuem significativamente para a gravidade do efeito estufa e o aquecimento global.
Dentro desse contexto, temos outras opções menos prejudiciais, como o gás natural, o biodiesel e os motores movidos à eletricidade. A queima do gás natural, ao contrário dos outros combustíveis, não provoca depósito de carbono nas partes internas do motor, aumentando sua vida útil, o intervalo de troca de óleo e a redução de poluentes, que chega a ser 70% inferior em relação à gasolina, pois a queima é mais limpa. Entretanto, por se tratar de um combustível fóssil, ele é uma energia não renovável, finita, e que gera impactos ambientais enormes ao ser explorado.
Já o biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, em que a forma mais utilizada para se obtê-lo consiste numa reação química de óleos vegetais, ou gorduras animais, com o álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador. Desse processo também se extrai a glicerina, empregada para fabricação de sabonetes e diversos outros cosméticos. Há inúmeras espécies vegetais no Brasil que podem ser empregadas neste processo, como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, soja, dentre outras. Em contrapartida, muitos grupos ativistas ao redor do mundo veem isso como desperdício de áreas de lavoura, que poderiam ser utilizadas para o cultivo de alimentos, já que uma porcentagem extremamente alta da população mundial sofre com a fome e com a escassez de água.
Por outro lado, a busca por veículos elétricos cresce mundialmente. Na Europa, estima-se que 30 mil veículos estejam rodando sob as normas do Euro V – padrão que exige a redução de emissões de gases poluentes em veículos novos comercializados na União Européia. Ao todo, apenas em 2009, foram vendidos 750 mil veículos elétricos no mercado internacional. Este tipo de motor reduz as poluições sonora e atmosférica. Uma nova medida na legislação brasileira, em vigor desde 2012, exige que todos os caminhões e ônibus novos produzidos para o mercado nacional sejam equipados com propulsores que emitem até 80% menos de material particulado (resíduos sólidos ou líquidos suspensos nos gases poluentes) e ainda determina que os veículos lancem 60% menos de óxido de nitrogênio, sendo a energia elétrica uma excelente opção.
Porém (sim, sempre há um porém), dependendo da maneira como se obtém a energia elétrica ainda há poluição – não na fase do uso do motor em si, mas na produção da energia. No caso do Brasil, onde a matriz é de origem hidroelétrica, é possível driblar este problema, mas em muitos países a energia elétrica é produzida com queima de óleo ou carvão. Neste caso, ainda persiste a emissão dos poluentes, mas em outro momento do processo. Dito tudo isto, vemos que o problema é mais complexo do que um simples “polui mais ou menos na hora da queima”, e tudo deve ser pesado e pensado de forma a obter o melhor resultado ambiental possível, por mais difícil que isso pareça.
A autora
Rachel Ann Hauser Davis é bióloga, Doutora em Química Analítica pela PUC-Rio e professora e pesquisadora da UNICAMP. Faz parte do GEPAM - Grupo de Espectrometria, Preparo de Amostras e Mecanização.

*ATENÇÃO: O presente artigo não expressa, necessariamente, a opinião da " Turma do Petróleo e a  A Mídia do Petróleo, sendo as opiniões aqui emitidas de responsabilidade de seus autores.

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