TURMA DO PETRÓLEO

TURMA DO PETRÓLEO

sexta-feira, 13 de abril de 2012


Entrevista com João Amaral


1X) Volta e meia volta à discussão sobre a falta de mão de obra qualificada no setor de óleo e gás. Evoluímos, no Brasil, de alguma forma na questão, sempre falada, dos problemas de qualificação no setor de Óleo e Gás?
A 5X Petróleo dessa semana é com o manager da Michael Page na divisão de Oil & Gas, João Amaral. Na entrevista ele fala sobre a qualificação e escassez de executivos para o setor de óleo e gás.

Evoluímos nos últimos anos. Hoje temos alguns programas de capacitação tanto para nível técnico como superior. O Promimp, que é um programa da Petrobras pra capacitação da Mão-de-Obra, é um bom exemplo e já capacitou muitos profissionais. Além disso, as empresas também estão investindo internamente na capacitação do seu profissional. Está aumentando a oferta de cursos de extensão, pós-graduação e especialização no Brasil e no exterior.
O ponto de atenção é que ainda temos uma lacuna muito grande na formação de profissionais na área técnica, como por exemplo, Engenheiros. Alavancadas por conta de novos projetos e do pré-sal, as demandas atual e futura serão superiores ao volume de Engenheiros formados por ano no Brasil.
2X) Os estaleiros brasileiros estão trazendo de volta trabalhadores que saíram do Brasil para buscar altos salários na indústria de petróleo e gás na China ou no Japão. Lá, de alguma houve uma especialização no setor, gargalos que o Brasil vem enfrentando há décadas. O profissional com alta qualificação é mais valioso, ou a escassez de técnicos torna-os a maior demanda da indústria?

Estamos tratando de duas demandas diferentes. Ambas existem e tendem a aumentar nos próximos anos aqui no Brasil. O profissional com formação técnica, que está escasso atualmente no Brasil, pode ser muito bem remunerado e, em alguns casos, ganha um salário maior que um profissional com nível superior completo e que tenha o mesmo tempo de experiência.
Exemplificando: há técnicos de fluidos que trabalham embarcados e ganham um bom salário fixo, além de adicionais de periculosidade e sobreaviso e bônus de embarque. Paralelamente, há engenheiros de fluidos que trabalham em laboratório, desenvolvendo produtos, que tem salários menores que os dos técnicos citados acima. Quando falamos de profissionais qualificados, tanto técnicos quanto graduados, é evidente que um profissional com alta qualificação é mais valioso, que um profissional menos qualificado.
3X) Existe um movimento de qualificação dos profissionais nas empresas?

Existe. Muitas empresas têm áreas internas de T&D (Treinamento e Desenvolvimento) e capacitam o profissional internamente, seja aqui no Brasil, seja em seus centros de treinamento espalhados pelo globo. Entretanto, esse movimento por parte das empresas, ainda não atende à necessidade do mercado, em termos de quantidade de profissionais.
Algumas empresas possuem uma política muito interessante de programas de trainees e jovens profissionais, nos quais um grande número de recém-formados é capacitado e treinado de acordo com a cultura e área de atuação da empresa. Essas companhias acabam se tornando grandes celeiros de talentos, pela sólida formação que oferecem a seus empregados.
4X) E a reentrada de profissionais aposentados que estão voltando para estas empresas? Como fica também a questão dos salários nessa faixa de idade?
Esse movimento é comum hoje em dia considerando as profissões para as quais há escassez de mão-de-obra. Temos verificado  bastante volume de contratação de profissionais aposentados na área de Perfuração e na indústria naval. Esses profissionais pela sua experiência e singularidade acabam tendo uma remuneração superior. Há casos em que são contratados como consultores. Grande parte desses profissionais é oriunda de empresas estatais, os quais já têm tempo de casa para se aposentar, mas ainda se sentem com energia e vontade de atuar no mercado. Assim, começam a avaliar propostas da iniciativa privada.

5X) Estudantes de várias faculdades reclamam que se foram em tecnólogos, graduações técnicas de petróleo e gás e não estão tendo o retorno que no início da faculdade foram expostos para os mesmos. Qual a dificuldade que empresas, como a Page Personnel, estão encontrando no setor de OeG?
Apesar de a Michael Page ser focada no recrutamento de profissionais com algum nível de senioridade, conseguimos observar que há uma ansiedade por parte dos recém-formados para ocupar cargos que exigem experiência. O caminho natural para esses jovens ingressarem no mercado de Oil & Gas é participar de programas de trainee de empresas do setor e de processos seletivos para engenheiros juniores. Outra possibilidade é avaliar oportunidades em cidades menores que são pólos operacionais, como Macaé (RJ), São Mateus (ES) e Mossoró (RN), e tem menor oferta de engenheiros e tecnólogos.

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