TURMA DO PETRÓLEO

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sábado, 27 de abril de 2013


Com 29 projetos em 5 estaleiros diferentes, a Sete Brasil é pioneira em sondas para o pré-sal

Presidente da Sete Brasil avalia que país vive um boom no setor de construção naval
NNpetro - Júlia Moura - 
Precursores das sondas que irão explorar as camadas ultraprofundas do pré-sal, a Sete Brasil está hoje com 29 projetos em andamento em 5 estaleiros do país. O impacto da grande encomenda impulsiona o desenvolvimento técnico e econômico da indústria, além de gerar cerca de 110 mil postos de trabalho até 2020.
“Sabemos de nossa enorme responsabilidade para que todas as sondas sejam construídas e entregues dentro dos prazos e custos previstos, atendendo aos requisitos de qualidade e de conteúdo brasileiro, em bens e serviços exigidos pela Petrobras”, disse o presidente da Sete Brasil, João Ferraz, em entrevista ao NNpetro.
Ferraz não acredita em atrasos nos projetos, já que os prazos estabelecidos para os estaleiros brasileiros possuem uma margem de risco, baseada no desempenho dos estaleiros estrangeiros. “Por exemplo, enquanto estaleiros sul-coreanos necessitam de 24 meses para construir uma sonda do mesmo tipo que a encomendada pela Sete Brasil, junto aos estaleiros brasileiros, estes terão 48 meses de prazo total para construção dessas sondas”, explica.

1X) NNpetro – Quais são os riscos que a Sete Brasil está superando já que a construção de sondas brasileiras de perfuração do pré-sal é uma atividade pioneira no país? A quantidade de sondas é um desafio, além do investimento alto?
João Ferraz - A Sete Brasil nasceu a partir da percepção de que havia uma enorme necessidade de viabilizar o desenvolvimento da indústria naval brasileira. Todos os seus processos, procedimentos, mecanismos de mitigação de riscos e até seus acionistas e investidores têm em comum o viés de desenvolvimento de novos nichos no mercado de óleo e gás no país, para atendimento da enorme demanda que já está sendo gerada no desenvolvimento do pré-sal brasileiro. Sem dúvida que o pioneirismo dessa construção se reveste como um dos maiores riscos e desafios a serem enfrentados. Sabedores disso, e conhecedores dos exemplos bem sucedidos de indústrias semelhantes em outros países, a estratégia da Sete Brasil foi a criação de um modelo de negócios complexo que pudesse mitigar adequadamente os principais riscos. Um desses elementos é a geração de uma escala econômica que permita aos estaleiros, ao mesmo tempo, gerar uma rápida curva de aprendizado através da repetição da construção de sondas idênticas, atrair parceiros tecnológicos como sócios dos estaleiros que trouxessem processos fabris modernos e eficazes e maximizar a economicidade do empreendimento através do aumento de produtividade e redução de custos de construção.
Essa escala econômica só é possível de ser obtida através de uma grande quantidade de sondas a ser construída por um mesmo estaleiro. Ou seja, a grande quantidade de sondas que terá que ser construída no país acaba sendo um dos meios mais eficazes para viabilização técnica e econômica do próprio empreendimento. A partir do sucesso alcançado pelas sondas de última geração, que serão construídas pela primeira vez no Brasil, e que têm seus preços totalmente alinhados aos preços internacionais para os mesmos tipos de equipamentos, poderemos replicar o modelo para outros negócios que tenham perfis semelhantes. Apesar desse sucesso, sabemos de nossa enorme responsabilidade para que todas as sondas sejam construídas e entregues dentro dos prazos e custos previstos, atendendo aos requisitos de qualidade e de conteúdo brasileiro, em bens e serviços exigidos pela Petrobras.
2X) Quando serão entregues as primeiras e as últimas sondas? Com quanto de conteúdo local serão produzidas? Quais estaleiros irão construir as sondas e quantas? Os estaleiros brasileiros estão renascendo com a demanda do pré-sal?
A primeira sonda está prevista para ser entregue em meados de 2015 e a última no início de 2020. Os equipamentos terão um conteúdo local médio de 62%, variando entre 55% e 65%.
São 29 sondas produzidas entre cinco estaleiros: Estaleiro Atlântico Sul (Suape - PE) entregará 7 navios-sonda; Estaleiro Jurong Aracruz (Aracruz - ES), 7 navios-sondas; Estaleiro Brasfels (Angra dos Reis - RJ), 6 sondas semissubmerssíveis; Estaleiro Enseada do Paraguaçú (Paraguaçú - BA), 6 navios-sondas; Estaleiro Rio Grande (Rio Grande - RS), 3 sondas. Como cada estaleiro já garante capacidade plena de construção por um período que varia entre 8 a 10 anos contínuos, sem dúvida que as encomendas colocadas pela Sete Brasil ajudam diretamente a sua viabilização técnica e econômica. O país está vivenciando um boom no setor e boa parte das encomendas, que viabilizam esse crescimento, vem da construção das sondas para operação no pré-sal.
3X) Há uma preocupação dos estaleiros do Brasil não conseguirem cumprir com os prazos?
Quanto à possibilidade de atrasos, a Sete Brasil entende que todo o projeto idealizado pela Petrobras, para implantação do programa de construção de sondas no país, prevê uma série de mitigadores para esse risco, inclusive com um prazo para construção bem mais dilatado que o necessário por estaleiros internacionais mais experientes neste tipo de atividade. Por exemplo, enquanto estaleiros sul-coreanos necessitam de 24 meses para construir uma sonda do mesmo tipo que a encomendada pela Sete Brasil, junto aos estaleiros brasileiros, estes terão 48 meses de prazo total para construção dessas sondas.
4X) Quanto de apoio do BNDES a Sete Brasil terá para a construção das sondas do pré-sal?
O BNDES tem sido um parceiro fenomenal nesse empreendimento. Como principal banco de fomento do país, o BNDES percebeu que o projeto das sondas é estruturante e permitiria o desenvolvimento, modernização e consolidação da indústria de construção naval brasileira. A participação do BNDES nesse empreendimento é fundamental sob vários aspectos, tanto na construção das sondas quanto na construção e modernização dos estaleiros. Na área de financiamento das sondas, considerando que a política do banco é de financiar 80% do conteúdo local brasileiro e que o conteúdo local médio será de 62%, a participação do BNDES será de quase 50% de todo o investimento (Capex). Considerando que o complemento desse montante virá de capital próprio (25%) e de outras fontes de financiamento (25%), sem dúvida que o BNDES acaba sendo o grande vetor de viabilidade financeira do projeto.
5X) Qual é a geração de emprego esperada? Tem algum programa de desenvolvimento de mão de obra?
Deverão ser gerados mais de 110.000 empregos diretos e indiretos, de forma permanente e que serão mantidos, pelo menos, até 2020. A Sete Brasil, junto com seus parceiros operadores de suas sondas e outras organizações do setor, como o PROMINP, está concluindo um programa que pretende educar e treinar todos os profissionais que irão tripular as sondas em construção. Serão mais de 6.000 postos de trabalho diretos envolvendo diferentes categorias profissionais, e que estarão habilitadas para operar e manter as sondas já em 2015. Além dos treinamentos que são desenvolvidos pelos próprios estaleiros, para adequar e qualificar a sua própria mão de obra, a Sete Brasil, em parceria com a ONG Rede Cidadã, vem implantando o Projeto Conexão, cujo objetivo é promover o crescimento ordenado e sustentável da economia das pequenas cidades no entorno dos estaleiros e que serão impulsionadas pela construção de equipamentos para o pré-sal. Esse programa não se destina a gerar mão de obra para os estaleiros, mas sim melhorar a qualificação de mão de obra e prestar assessoria a pequenos empreendimentos necessários ao desenvolvimento sustentável das regiões afetadas pelos estaleiros, em diversos setores da economia

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