TURMA DO PETRÓLEO

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quinta-feira, 23 de maio de 2013


ANP lança novo edital para programa de incentivo à Pesquisa e Desenvolvimento

‘A indústria está se expandindo em outras regiões do país, sinalizando novas demandas de desenvolvimento tecnológico’, avalia Elias Ramos de Souza
NNpetro - Renata Cruz - 
A 11ª rodada da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) trouxe novas perspectivas para o setor de óleo e gás, aumentando a demanda por mão de obra especializada e por recursos tecnológicos. Para atender ao mercado e estimular o crescimento da indústria nacional, a ANP desenvolve há 14 anos o Programa de Recursos Humanos (PRH), em parcerias com universidades de todo país, fomentando a criação de cursos e vagas de graduação, mestrado e doutorado.
“A ANP irá lançar um novo Edital de Chamada Pública, com o objetivo de selecionar novos programas para atender especificamente às necessidades dos novos blocos de exploração e produção que foram leiloados na 11º rodada da ANP”, explica Elias Ramos de Souza, superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento da ANP.
Em entrevista concedida ao NNpetro, o pesquisador ressaltou que objetivo do PRH-ANP é estimular cada vez mais as instituições de ensino a organizarem e oferecerem aos alunos especializações consideradas estratégicas. “A capacitação profissional é imprescindível para que o processo de abertura e desenvolvimento do setor de petróleo seja bem sucedido”, afirma Elias.
1X) NNpetro – Com a 11ª rodada e a aquisição de novos blocos de exploração e produção de petróleo, como o Programa de Recursos Humanos da ANP pode ajudar a preencher uma nova demanda de mão de obra especializada no mercado? Como será o novo edital da ANP e qual a previsão de lançamento?
Elias Ramos de Souza - Além dos egressos dos programas já existentes, A ANP irá lançar um novo Edital de Chamada Pública, com o objetivo de selecionar novos programas para atender especificamente às necessidades dos novos blocos de exploração e produção que foram leiloados na 11º rodada da ANP, nomeadamente, Margem Equatorial, Campos Maduros e Não Convencionais. Pretendemos selecionar inicialmente 10 novos programas que vão somar as 45 já existentes. A expectativa é de que os novos programas estarão localizados principalmente em universidades e instituições de ensino e pesquisa das regiões Norte e Nordeste do País.
Nós sabemos que o pré-sal, situado nas bacias de Santos e Campos, é o principal projeto que o país tem na mão, mas novas perspectivas estão se abrindo a partir dos novos projetos que começam a ser executados com os novos editais de licitação de blocos exploratórios. A indústria está se expandindo em outras regiões do país sinalizando novas demandas de recursos humanos e desenvolvimento tecnológico. O novo edital do PRH vai ter como foco estes desafios.
2X) NNpetro – Como se dá a negociação entre as reitorias das universidades e a ANP para a habilitação de cursos dentro do PRH? Com quais universidades a ANP já tem parceria? O programa pretende aumentar esse número?
Elias Ramos de Souza – O PRH-ANP, cuja concepção teve início antes da criação do CT-PETRO [Plano Nacional de Ciência e Tecnologia do Setor Petróleo e Gás Natural], foi implementado em março de 1999 com o objetivo de estimular as instituições de ensino a se organizarem e oferecerem aos seus alunos especializações profissionais consideradas estratégicas e imprescindíveis para que o processo de abertura e desenvolvimento do setor de petróleo fosse bem sucedido. Partiu-se da premissa de que os tradicionais cursos de Engenharia, Administração, Direito e outras áreas pudessem ser complementados com disciplinas optativas que caracterizassem uma especialização requerida pelo setor, como, por exemplo, a de estruturas offshore ou construção de dutos na área da Engenharia Mecânica.
Atualmente fazem parte dos programas 27 instituições: UFRJ, PUC, UFF, UERJ, UENF, IMPA, USP, UNICAMP, UNESP, UFSCAR, UNIFEI, UFMG, UFES, UFBA, UFAL, UFS, UFCG, UFRN, UFPE, UFC, UFPA, UFMA, UTFPR, UFPR, FURG, UFRGS, UFSC, presentes em 16 estados da federação: RJ, SP, MG, ES, BA, AL, SE, PB, RN, PE, CE, PA, MA, PR, RS e SC. Com o lançamento do novo edital, em breve, espera-se aumentar o número de instituições participantes.
3X) NNpetro - Quantos alunos já passaram pelo PRH? Quantas vagas são disponibilizadas anualmente e quantas mais serão criadas? Que cursos são os mais procurados? Há alguma área mais promissora? Que projetos de pesquisa estão sendo desenvolvidos atualmente?
Elias Ramos de Souza - Ao todo, foram concedidas 7.416 bolsas entre 1999 (quando o programa iniciou) e 2012. É importante salientar que as bolsas têm uma duração específica: dois anos para graduação e mestrado, e quatro anos para doutorado. Assim, as concessões precisam sempre ser renovadas. Podemos dizer que os cursos nas áreas das engenharias e das geociências são os que apresentam maiores demandas pelos estudantes e pelo mercado. Mas é importante frisar que o setor de petróleo e biocombustíveis também é impactado pelo crescimento da interdisciplinaridade e abre cada vez mais espaço para novas profissões, a exemplo de biólogos, químicos, biotecnólogos, físicos e matemáticos, além de profissionais das tecnologias de informação e comunicação, economistas e advogados.
De certa forma, cada aluno desenvolve um projeto de pesquisa em níveis diferentes, uma vez que se tem alunos desde a graduação até o doutorado. Estes projetos estão dentro das linhas de pesquisa desenvolvidas em cada um dos programas. Incluem temas que abrangem a exploração e produção de petróleo e gás natural, o refino, transporte e distribuição, segurança operacional e meio ambiente, direito e economia da energia, além de pesquisas em biocombustíveis (etanol e biodiesel).
4X) NNpetro - Na sua visão, de que maneira o PRH pode ajudar a colocar novos profissionais capacitados no mercado? É oferecido algum suporte a esses formandos para colocação deles no mercado? Você acredita que todos esses profissionais sejam aproveitados ou recebam boas oportunidades?
Elias Ramos de Souza – Os programas do PRH-ANP são incentivados, por premissa, a manterem estreita relação com o mercado profissional. No cronograma de atividades, estão previstas visitas técnicas, cursos ministrados por profissionais da indústria, parcerias em projetos de pesquisa, participação em congressos nacionais e internacionais, etc. Além disso, as disciplinas de especialização voltadas para o setor capacitam os bolsistas a obterem um alto grau de empregabilidade. Na verdade, com o crescimento da indústria do petróleo e gás, muitos alunos têm sido absorvidos pelo mercado antes mesmo de concluírem os seus estudos. Mas nós temos incentivado no PRH também o empreendedorismo, visto que o Brasil precisa formar novos empreendedores para atuarem nesse mercado que se expande e que pode vir a ter uma presença significativa de empresas com DNA nacional.
O PRH-ANP tem resultado em um aproveitamento de aproximadamente 75% dos egressos em empresas que atuam no setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Do restante, uma parcela resolve continuar os seus estudos na área e os demais se empregam em outros setores.
5X) NNpetro - A ANP pretende retomar o programa de cursos técnicos?
Elias Ramos de Souza – A ANP tem apoiado programas de formação de recursos humanos em cursos técnicos de nível médio, que são executados por institutos federais e outras instituições de ensino em parceria com a Universidade Petrobras. Nos últimos três anos foram concedidas cerca de 7.000 bolsas a alunos de cursos técnicos, que são financiados com recursos da cláusula de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento: uma cláusula contratual que obriga as empresas produtoras de petróleo a investirem em P&D e em formação de recursos humanos. A Petrobras tem sido importante parceira na condução destes programas que atendem a uma demanda crescente da indústria por técnicos de nível médio. Participam deste programa os institutos federais de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe e o Instituto Federal Fluminense (Niterói).

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